A Resistência Analógica não é só um parque de diversões com sintetizadores reluzentes e músicas que te transportam para ambientes que não costumamos mais ouvir nos meios radiofônicos e mainstream. Também carrega diversas mensagens políticas, sociais e ambientais.
A questão que mais me toca é da obsolescência programada. É uma técnica desenvolvida na década de 1920
pela indústria automobilística para aumentar a produção e maximizar lucros. Ao longo
do tempo, a eficácia da técnica fez com que se espalhasse para todas as outras
indústrias e, claro, a musical não pôde ficar de fora.
Como músicos, produtores e ouvintes de música, temos o dever de conhecer
e mostrar os efeitos desse fenômeno na nossa indústria e as consequências disso.
Afinal, não fomos nós que deixamos nossos sintetizadores enferrujarem e
compramos teclados digitais, acreditando que assim faremos uma música mais nova
e evoluída? Que trocamos a mesa de som por plug-ins? Que descartamos o discman
e obtivemos um novo mp3 player?
Mas, qual o problema disso? Não precisamos sempre estar atentos às
inovações tecnológicas para criar novos sons e desfrutar da música com a maior
qualidade possível?
Ora — além disso gerar uma quantidade de lixo tóxico absurda — para dar
conta da produção que isso demanda, as fábricas precisam contratar a
mão-de-obra mais barata possível, causando enorme impacto sócio-ambiental no
mundo. Se pensarmos que esse processo acontece com a maioria das grandes
indústrias, podemos ter uma noção do impacto que isso tem no meio ambiente e nas
vidas de bilhões de pessoas!
Por que resistir com o analógico? Porque não acreditamos que
equipamentos com fins artísticos possam se tornar obsoletos. Porque recusamos jogar
nossos equipamentos no lixo. Porque amamos o timbre da onda sonora que nós
mesmos forjamos. Porque nunca esgotaremos o potencial criativo da tecnologia analógica!
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